תמונת בוגר

Ariel Waitzberg

Ex-aluno das Yeshivot Or Israel College e Har Hamor

Atualmente Software Engineer na Cisco Video Technologies - Jerusalém

Depoimento

Enquanto deixo a difícil tarefa de definir “o que é o homem” para os filósofos e mestres do judaísmo, posso com mais facilidade falar sobre as etapas da vida, como eu as vivencio.

Ao nascerem, as pessoas já vêm ao mundo com suas características determinadas “será forte ou fraco, inteligente ou burro, rico ou pobre, enquanto que Tsadik ou Rashá não é mencionado” (נידה טז:). Porém, antes de nascer, “fazem-no jurar: Seja Tsadik e não seja Rashá!” (נידה ל:). A partir daí nascemos e logo começamos a nos desenvolver para ser Tsadik, usando as características que nos foram dadas.

 Ao longo da juventude, além do desenvolvimento físico, motor, cognitivo e de linguagem, aprendemos com o exemplo dos pais sobre integridade, respeito, e outras fundações básicas para a vida.

Na escola, um judeu irá conhecer melhor sobre o judaísmo, aprenderá a conviver em sociedade e a prestar atenção em seu ambiente, adquirirá habilidades e conhecimento.

Já na adolescência, começamos a controlar emoções, adquirir autonomia e independência, estabelecer uma identidade própria e estruturar um objetivo na vida. Comigo não foi diferente.

Naquela época, apesar de todas as minhas limitações, eu me perguntava “O que é certo?”, “Quais as vantagens de fazer o certo?”, “Dentro do certo, o que é mais importante?”, “O que devo fazer para chegar lá?”. Mas eu me perguntava isso tentando ser o mais honesto e o mais prático possível.

Em geral, a Torá e seus ensinamentos eram a resposta para muitas das minhas perguntas. Eu propositalmente ignorava as diferenças exteriores dos diferentes grupos de judeus e suas limitações. Na leitura da Torá eu procurava: “sobre que coisas a Torá dá mais ênfase, afinal?”. O que eu sempre gostei no texto da Torá é que as coisas são ditas “na lata”, de forma absoluta. Especialmente no livro Devarim, quando Moshe diz o que D’us quer da nossa vida. Se há ambiguidade na Torá, ela está lá para ensinar princípios, que são também clarificados pelos mestres do judaísmo.

Não só concluí que o judaísmo é o certo, como também que as dificuldades intrínsecas a ele fazem parte! A Torá repete inúmeras vezes sobre a devoção a D’us e a confiança Nele, o cuidado e amor que devemos ter por nossos irmãos judeus, a necessidade de se apegar a Torá e a seu estudo profundo, o mérito de receber a terra de Israel e morar nela, a importância do Shabat e do Beit Hamikdash, etc. A Torá é tão abrangente, envolve toda a vida e seu cotidiano, envolve todas as características do ser humano e exige honestidade, benevolência, humildade e autocontrole.

Resolvi então ir para Israel, estudar por um período em Har Hamor, em Jerusalém. Apesar de não ter sido fácil para mim, pois tive que me adaptar a um novo país, outra cultura e língua, menos conforto e um alto nível de estudo ao qual eu não estava acostumado, creio que lá vivenciei o maior contato com a Torá. Vi o que é estudo de Guemara sério, conheci pessoas de nível espiritual muito além do meu e conheci uma visão de vida que dá importância ao processo de Gueulá (redenção) em Israel com o povo de Israel como um todo. Os alunos de Har Hamor são diretos, não usam “máscara”. Isso pode parecer estranho a um brasileiro no começo, mas dá a segurança de que o outro é verdadeiro e dá para confiar. Menos importa como você é externamente, importa o que você é por dentro. Importa como se vive, e com que intensidade. Era isto o que eu estava procurando.

Não sou um modelo de aluno de Har Hamor, pois sabia que não iria continuar lá por muitos anos e me tornar um Talmid Chacham. Fui estudar engenharia eletrônica no Machon Lev, em Jerusalém. Depois me casei, servi o exército de Israel e atuei na área de high-tech com programação, o que faço até hoje. Mas levarei comigo o espírito de Har Hamor por toda a vida. O compromisso de viver a vida com D’us, i.e., com o judaísmo, com a Torá, com os judeus, com Israel, com alegria e esperança.