תמונת בוגר

Daniel Najman

Ex-aluno das Yeshivot Or Israel College e Har Hamor

Atualmente aluno na Yeshivá Kerem BeYavne – Yavne

Depoimento e Dvar Torá

Com certeza o tempo que estive em Har Hamor foi uma das melhores épocas da minha vida, me mostrou um novo modo de viver e de olhar para o mundo. O encontro com a realidade vivida nessa yeshivá deixa marcas na pessoa que vão direcioná-la para o resto de sua vida para o caminho da Torá e de união do povo yehudi.

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O mês de Tamuz não é um bom mês para o povo judeu. O Maharal fala em seu livro Netzach Israel que esse é um dos meses que os inimigos de Am israel estão mais fortes.

E, infelizmente, vemos isso na prática. O mês de Tamuz é cheio de histórias tristes e destruições, que seguem até o mês de Av, quando, no dia 9, o Beit Hamikdash foi destruído. Tudo começou quando o povo fez o chet haeguel, o bezerro de ouro, em sua espera por Moshe que estava prestes a descer com as táuas do Har Sinai. Quando Moshe viu o que estava acontecendo, em meio a sua descida, ele decidiu quebrar as tábuas. Esse dia foi 17 de Tamuz. Além disso, aconteceram várias outras coisas ruins nessa data.

O pecado do bezerro de ouro costuma ser comparado com uma noiva que foge na hora do seu casamento. Bnei Israel estavam prestes a receber a Torá diretamente de D's, em um nível espiritual gigantesco, e, nessa hora, eles caem colocando um intermediário entre eles e D's. Rabi Yehuda Halevi, em seu principal livro - O Cuzari - mostra como o rei de Cuzar interroga um sábio judeu  a respeito de vários assuntos do judaísmo. Em meio a suas perguntas sobre a santidade do povo de israel, ele traz o caso do bezerro de ouro questionando como depois de um pecado tão grande o povo pode continuar no mesmo nível de conexão com D's; o sábio judeu responde que D's não abandona Bnei israel, pois o eles são o povo escolhido desde antes da criação do mundo, e não importa o que aconteça, Ele sempre terá um contato com o povo e esse, por sua vez, sempre terá a força de elevar o mundo e cumprir realmente a vontade de D's.

Fora isso, o sábio ainda tenta explicar o pecado do bezerro de ouro para o rei de Cuzar. Ele fala que naquela época era normal relacionarmos o santo, o abstrato e elevado, com o material, e que isso é um nivel altíssimo difícil de vermos atualmente. O povo era tão elevado que eles conseguiam entender que o jeito certo de trabalhar para D's é através desse mundo. Vemos que o Beit Hamikdash, por exemplo, foi construído e mantido de forma natural, com várias regras e ordens específicas a serem seguidas que o seus motivos não eram totalmente compreendidos, mas fomos instruídos que dessa forma, através do material, conseguimos servir a D's espiritualmente. Então o povo pensou que poderiam trabalhar para D's através daquele bezerro. Cometeram um erro, já que não foram instruídos dessa maneira naquela hora e não esperaram Moshe descer para a entrega das Mitzvót com todos os seus detalhes. Com certeza eles sabiam que D's não os tinha abandonado. Eles estavam aos pés do Har Sinai, depois de terem visto todos os milagres, é impossível que eles não sabiam disso!

Estamos no  Sefer Bamidbar. O Rav Tzvi Yehuda explica que os livros de Shemot e Vaikrá são os tempos de estabilidade para o povo, onde este está aos pés do Har Sinai, estudando Torá e vivendo com a grande presença de D's, enquanto o livro de Bamidbar representa a instabilidade do povo, é a epoca em que este começa a andar pelo deserto em suas longas viagens. Nos livros de Shemot e Vaikrá, acontecem poucos erros por parte do povo, pois em tempos de estabilidade as dúvidas dificilmente surgem, eles vivem uma vida tranquila ao lado do Har Sinai com Moshe Rabeinu. Porém quando eles saem para o caminho, feito nômades no deserto, comceçam a acontecer uma série de episódios ruins, pois a instabilidade, quando o povo fica indo de um lugar para o outro sem aquela grandeza toda como era no Har Sinai, causa confusão e dúvidas - Será que realmente D's está conosco em todas as situações?

Exatamente essa é a função do  Sefer Bamidbar: nos mostrar que mesmo em tempos ruins, mesmo em tempos de instabilidade, onde não conseguimos estar no ápice do nosso potencial, D's está conosco e nunca nos abandona. Esse é um dos motivos que o Aron Hakodesh acompanhava o povo em todos os lugares, para mostrar que o contato entre o povo e D's é eterno, não importa a situação. A única coisa que temos que fazer é nos adaptar a esse contato. Em tempos instáveis, nosso jeito de trabalhar a D's com certeza não será o mesmo que em tempos estáveis, porém, mesmo que de jeitos diferentes, sempre temos que nos empenhar para que seja com força máxima.

O mês de Tamuz oficialmente é um mês ruim para o povo, principalmente nas três semanas entre 17 de Tamuz e 9 de Av, onde temos, inclusive, algumas leis de luto a serem observadas por conta das tragédias sofridas nessa época. No entanto, devemos ter em mente que é so uma época dentro de toda a história de Bnei Israel. É somente uma peça de um grande quebra cabeça, e mesmo nesta, D's sempre esteve conosco e sempre estará. Por isso, não existe tristeza para os yehudim, existem épocas de menos alegria, pois se soubermos olhar o plano geral, vemos que, na verdade, Bnei israel percorre a história a caminho de um grande futuro, que é a sua Gueulá. Sendo assim, sabemos que tudo faz parte do precesso para alcançar o objetivo e D's é o grande autor desse plano, antes de seu início e até o seu fim.