תמונת בוגר

Michel Rosenberg

Ex-aluno das Yeshivot Or Israel College e Har Hamor

Atualmente Avrech no Beit Midrash Beit Yaacov – São Paulo

Depoimento

“Cinco acontecimentos ocorreram com os nossos antepassados no dia 17 de Tamuz... foram quebradas as tábuas, foi cancelada a oferenda do Tamid, a cidade foi invadida, e queimou Apostumos a Torá e colocou uma imagem de idolatria no Templo...” (Taanit 4, 6)

 

Todas as ocorrências citadas na Mishná são realmente terríveis e merecem ser lembradas com luto. Uma delas, porém, parece um pouco estranha e banal, se comparada às outras: o cancelamento da oferenda do Tamid. O que há de tão grave no fato de que, em 17 de Tamuz, não puderam mais sacrificar a oferenda do Tamid, por falta de animais? Nossos sábios mencionam tantas tragédias e desgraças que aconteceram na época da destruição do Templo, tantas histórias de arrepiar os cabelos. Então por que esse fato, aparentemente insignificante, entrou para a lista escolhida cuidadosamente das cinco tragédias?

Ao olharmos mais atentamente, veremos que o cancelamento do Tamid é, na verdade, uma metáfora para a nossa situação na diáspora. A singularidade desta oferenda dentre todas as outras estava em sua constância. Era o korban mais básico feito no Templo e devia ser trazido todos os dias, uma vez ao amanhecer e outra ao anoitecer, encerrando o serviço dos cohanim. Seu nome “Tamid”, inclusive, significa constância. De certa forma, essa oferenda é paralela à leitura do Shemá Israel que fazemos todos os dias, de manhã e à noite, quando recebemos sobre nós o reinado divino e a responsabilidade de elevar esse mundo e santificá-lo. E esse trabalho é constante e ininterrupto. Todos os dias, pouco a pouco, aproximamos o mundo mais um passo de seu verdadeiro potencial e da revelação divina nele.

Quando o Templo existia e funcionava, a Presença Divina era algo palpável e concebido por todos como uma realidade absoluta. O Beit Hamikdash era como um chamariz que anunciava que o mundo possui um Rei e este o conduz a uma época de paz e prosperidade eterna. Sua presença era constante. Depois que fomos exilados de Israel e nosso Templo foi destruído, as dúvidas dominaram a Terra e o que antes era óbvio e revelado tornou-se oculto e incerto. Será que Deus existe? O mundo está abandonado à própria sorte? É isto que o cancelamento do Tamid representa! Perdemos o foco em nosso caminho para elevar o mundo, perdemos a consciência constante da Presença Divina. Quando o Tamid parou de ser trazido sobre o altar, nossos sábios perceberam que os tempos haviam mudado e uma época de inconstância e incerteza havia chegado.

Estudei cinco anos na Yeshivá de Cotia, onde comecei a trilhar meu caminho no estudo da Torá e cumprimento das Mitsvot. Foram anos maravilhosos, que levarei comigo para o resto da vida! Quando cheguei à Yeshivat Har Hamor, aos dezoito anos, encontrei um lugar no qual a Presença Divina e o trabalho de aprimorar este mundo e trazer a redenção permaneceram constantes.

Os rabinos se dedicam de corpo e alma para ensinar aos seus alunos os ensinamentos milenares de nossa sagrada Torá. O conhecimento profundo que possuem e forma como o transmitem me deixaram encantado. Tenho certeza de que os amigos que fiz lá e os ensinamentos que aprendi com meus mestres moldaram quem sou hoje e me acompanharão durante minha vida e de minha família. Sou eternamente grato pelos dois anos maravilhosos que passei na Yeshivá.

Que tenhamos o mérito de ver a reconstrução do Templo em nossos dias e a volta da oferenda do Tamid!