תמונת בוגר

Ariel Wajnryt

Ex-aluno das Yeshivot Or Israel College e Har Hamor

Atualmente Professor na Yeshivá de baalê teshuvá Machon Meir (departamento latino) e no Talmud Torá Morashá, coordenação e revisão do "Projeto Mishná" de tradução da Mishná ao português - Jerusalém

Que Liberdade é essa?

A definição mais simples de liberdade é a possibilidade de fazer o que a pessoa deseja. Esta definição, obviamente, não se aplica a Pessach. Afinal, o Povo de Israel saiu do Egito apenas para receber posteriormente a Torá, o que parece limitar severamente sua possibilidade de “fazer o que deseja” em relação a outros povos. Na realidade, a própria definição é falha. Afinal, que significa “o que a pessoa deseja”? Quanto ela não é controlada pela mídia, pelos amigos, pela natureza animal mais obscura ou pela tirania opressiva de valores morais distorcidos e interiorizados? Como alguém pode clamar que é “livre”?

A definição de liberdade da Torá é completamente diferente. Alguns sustentam que um ser humano comum utiliza menos de 10% de seu cérebro. Digamos, portanto, que alguém viesse para outra pessoa e dissesse: “Tenho a fórmula para você utilizar mais 30% do seu cérebro”. O que ele está oferecendo? A liberdade de todas as cadeias que prendem o outro a um menor desenvolvimento de sua própria capacidade. Em outras palavras, a liberdade para ser ele mesmo.

O exemplo pode não ser correto, apesar de claro, pois muitos dizem que a subutilização do cérebro é apenas um mito. Mesmo assim, outros exemplos podem ser dados no mesmo estilo: quem ensinar um garoto que cresceu abandonado em uma ilha deserta a falar, por exemplo, estará lhe dando a possibilidade de viver como um ser humano, e assim por diante.

Liberdade, portanto, vem junto com sentido, significado e objetivo: conhecer sua própria natureza e viver com ela. Em outras palavras, Torá. Ela provavelmente será acompanhada de um programa duro a ser cumprido, que fará a pessoa ser cada vez mais ela mesma abandonando o que lhe parece tão caro e “natural” mas está, na realidade, tolhendo seu desenvolvimento – como um programa de treinamento de atletas, que verão seus músculos se formando em meio a dietas e suor. Em outras palavras, mitsvot. Ela envolverá a libertação total do que torna o homem “apertado” e “tolhido” – metsarim, em hebraico. Em outras palavras, ela envolverá a saída de Mitsrayim, o nome hebraico do Egito que tem exatamente esse significado.

Esta liberdade deverá ser reconhecida; não será automática. Ela dependerá do reconhecimento e da ação do homem, crescendo cada vez mais. Ela começará quando o homem reconhecer o que lhe foi dado no exato momento que D’us lhe disse: você será livre. Ela começará quando o homem começar a contar o que ocorreu com ele nesta noite, a noite do Seder de Pêssach.

 

Fontes: Maharal: Guevurot Hashem cap. 51; Maamarê Haraayá págs. 157-8; Olat Raayá págs. 287-9.